Thiago já estava desempregado havia tempo. Com a crise que se estabeleceu no Brasil de forma quase perpétua, havia mais de um ano que ele não trabalhava. Ele fazia seus "bicos" e dava seus "pulos", mas a situação estava apertada, e ele precisava saber que teria um provento.
Foi aí que resolveu se candidatar a uma vaga de emprego na empresa que mais contratava na cidade, uma grande rede de atacado e varejo: o **Mercado Cruz das Almas**. Logo foi chamado para uma entrevista.
Chegou no dia da entrevista e logo foi conduzido a uma sala minimalista. O entrevistador, um homem de meia-idade com óculos de aro grosso e um cavanhaque muito preto, o senhor **Abolos**, estava sentado atrás de uma mesa de vidro transparente, que mais parecia uma peça de decoração do que um objeto funcional. Ele lhe sorriu de maneira cordial, mas com um olhar que Thiago não conseguia decifrar.
— Bom dia, Thiago. Antes de começarmos, você está ciente da nossa filosofia de empresa, não? O Mercados Cruz das Almas acredita em um mundo em que todas as vozes são ouvidas e que a equidade e a inclusão devem ser centrais para todas as nossas ações.